quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A Língua



Um homem riquíssimo tinha convidado muitas pessoas para uma festa. 
Encarregou seu cozinheiro-chefe de comprar os melhores alimentos. 
Este foi ao mercado e comprou línguas – somente línguas e nada mais. 
Apresentou-as como primeiro prato, segundo prato, etc., servindo somente línguas aos hóspedes.
 Os convivas elogiaram a composição da refeição e a idéia original do cozinheiro. Mas, aos poucos começaram a ficar saturados de tanto comer línguas. 
O anfitrião se irritou e mandou chamar o cozinheiro: 
“Não mandei que você comprasse o que há de melhor no comércio?”
 Ele respondeu: 
“Existe algo melhor do que língua? Ela é o vínculo na vida social, a chave para todas as ciências, o órgão que proclama a verdade e a razão. Graças ao poder da língua, edificam-se cidades e as pessoas se tornam letradas e cultas”. 
“É verdade”, concordou o dono da casa. 
E mais uma vez encarregou o cozinheiro de preparar outro banquete para o dia seguinte, com a ressalva de comprar o que de pior houvesse na feira. 
Novamente este comprou línguas, somente línguas. Preparou-as das mais variadas maneiras para o banquete. 
Já que os convidados eram os mesmos, enojaram-se rapidamente do cardápio. 
O anfitrião sentiu-se ridicularizado e envergonhado, e gritou com seu chefe de cozinha: 
“Não mandei que você preparasse o que há de mais ruim? O que você está pensando? Por que serviu línguas outra vez?”
 Ele respondeu: 
“A língua também é o que há de pior no mundo, a mãe de todas as contendas e discórdias, a fonte de todos os processos judiciais, das diferenças de opinião e o instrumento que incita à guerra e à destruição. Ela é o órgão que propaga enganos e difamações. Pessoas são levadas ao mal, cidades são destruídas e vidas são aniquiladas pelo poder da língua”.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...